Escolhas


Eu penso em todas as escolhas que eu nunca fiz. E aquelas que eu deixei que fossem feitas por mim pelas circunstâncias, para agradar, por medo, por amor, por solidão, pela necessidade do dia a dia. Para onde elas desapareceram, aquelas escolhas que eu nunca fiz? Elas são todas parte de quem eu sou. Elas são o legado que deixo para trás, são o retrato acabado de mim mesmo que não posso mudar mais. Aceitei durante muito tempo a estrutura de vida que os outros me deram pensando que eu mesmo comandava, deixei de fazer minhas próprias escolhas me enganando estar fazendo minhas próprias escolhas ao não fazê-las. 

Acabou que a verdadeira razão de minha vida está faltando e por isso não sou capaz de reconhecer aquilo que tenho o poder de mudar. Mas aprendi que não é de todo ruim se mostrar vulnerável, tornando livres aqueles que são vulneráveis também. É muito mais fácil ficar juntos quando largamos nossas máscaras.

Essa é a escolha que agora fiz e entendi que nada chega ao fim. Todos nós precisamos de alguém, todos temos medo de algo ou nos sentimos sozinhos ou limitados de alguma forma. 

As coisas que nos unem superam todas aquelas que nos separam.



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1996 Ana Flávia Miziara © Todos os direitos reservados.

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